Às vésperas da Assembleia Geral da empresa, a Mighty Earth pede aos acionistas da JBS que exijam ações sobre 125 mil hectares de desmatamento na Amazônia e no Cerrado ligados às suas cadeias produtivas de carne.
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São Paulo, 24 de abril 2023 – Enquanto os acionistas da JBS se reúnem em São Paulo na segunda-feira, 24 de abril, para sua Assembleia Geral Anual, a Mighty Earth pede para que eles desafiem o Conselho de Administração da gigante brasileira de carnes sobre sua recusa em investigar 68 casos de desmatamento na Amazônia e no Cerrado, ligados à cadeia de fornecimento de carne da JBS.
Os casos, que totalizam uma área desmatada de 125 mil hectares, o que praticamente equivale ao tamanho da cidade de São Paulo, foram reunidos pela Mighty Earth e apresentados à JBS entre novembro e dezembro do ano passado. Após afirmar, em troca de e-mails com a organização, que iria investigar caso-a-caso, a JBS alegou que, mesmo com a comprovação de imagens de satélite para todos os casos listados, não poderia tomar medidas contra os pecuaristas envolvidos devido ao sistema de monitoramento de desmatamento em tempo real utilizado.
“É totalmente irresponsável que a maior empresa de carne bovina do mundo, a JBS, se recuse a agir em relação aos 68 casos de desmatamento que a Mighty Earth identificou na Amazônia e no Cerrado”, afirma o diretor sênior da Mighty Earth no Brasil, João Gonçalves, que continua: “Assim, pedimos ao conselho e aos poderosos acionistas reunidos na Assembleia Geral da JBS, que intervenham e exijam que a empresa tome atitude para manter seu compromisso de eliminar o desmatamento da sua cadeia de suprimentos, proibindo ou bloqueando fornecedores com áreas desmatadas em suas propriedades”.
Os 68 casos apresentados pela Mighty Earth à JBS fazem parte de uma série de relatórios produzidos pela organização em parceria com a AidEnvironment, com o objetivo de fornecer análises de desmatamento recente para que o setor privado aja rapidamente no combate, antes que a situação se agrave. Para tanto, as análises usam como base dados fornecidos pelo DETER (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real), divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Após a confirmação do desmatamento por meio de imagens de satélite, cada um dos casos é então analisado cruzando dados de várias fontes, incluindo informações públicas, e validados localmente.
Em sua resposta à Mighty Earth, a JBS disse que não investigaria os casos de desmatamento, pois para eles o sistema oficial de análises geoespaciais é o PRODES (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), outro sistema desenvolvido pelo INPE com divulgações anuais dos dados de desmatamento. Segundo o INPE, ambos os sistemas são complementares, representando uma ferramenta poderosa para o governo brasileiro e o setor privado monitorarem e identificarem o desmatamento.
“Não existe justificativa aceitável para uma empresa do porte e com a responsabilidade da JBS ignorar confirmações de desmatamento por imagens de satélite em tempo real. Sistemas como o DETER, são aliados de empresas que querem agir rapidamente para combater o desmatamento em sua cadeia de fornecedores. O que, claramente, não parece ser o caso da JBS”, finaliza Gonçalves.