fire in the cerrado, brazil

Mighty Earth aponta quase 60.000 hectares de desmatamento recente ligado ao cultivo de soja na Amazônia e no Cerrado

Sydney Jones

Press Secretary

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Carole Mitchell

Sr. Director Communications

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Novo relatório da série Rapid Response destaca pontos críticos de desmatamento nos dois biomas e revela riscos para sete empresas de comércio de soja, incluindo Bunge e Cargill.

Link para o relatório aqui.        

Um novo estudo da Mighty Earth, por meio de seu programa de monitoramento de desmatamento Rapid Response, descobriu quase 60.000 hectares de desmatamento recente nos biomas da Amazônia e do Cerrado, entre setembro e dezembro de 2023, com prováveis ligações com as cadeias de abastecimento de soja de sete dos maiores traders de soja globais, incluindo Bunge e Cargill.

Combinando alertas de desmatamento e degradação com imagens de satélite e investigações de campo, a Mighty Earth e os parceiros AidEnvironment e Repórter Brasil detectaram alertas totalizando 30.031 hectares na Amazônia e 26.901 hectares no Cerrado no Brasil. O estudo concentrou-se em fazendas que produziram soja na colheita de 2022, localizadas a até 50 quilômetros dos silos de grãos dos principais exportadores de soja: Amaggi, ADM, ALZ Grãos, Bunge, Cargill, Cofco e LDC.

Principais descobertas:

  • Na Amazônia, dos 031 hectares de alertas de desmatamento detectados na análise, 77% estavam no estado de Mato Grosso, o maior produtor de soja do Brasil, destacando a necessidade de maior escrutínio dos fornecedores de soja na região.
  • No Cerrado, dos 901 hectares de desmatamento e degradação detectados, 68% estavam nos quatro estados que compõem a região agrícola do Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Dentro do Cerrado, o bioma mais ameaçado do Brasil, esta região tornou-se a fronteira de desmatamento e conversão do país.
  • O relatório inclui sete estudos de caso de fazendas, abrangendo um total de 7.266 hectares de desmatamento ou degradação muito recentes que ocorreram entre setembro e dezembro de 2023. As sete fazendas envolvidas ainda possuem 37.401 hectares de vegetação nativa remanescente que precisam de proteção urgente.
  • Em suas respostas, a maioria das empresas negou qualquer ligação com as sete fazendas ou, no caso da Cargill, se recusou a nomear a única fazenda que está investigando.
  • Os dados comerciais mais recentes da UN Comtrade mostram que um total combinado de quase 11 milhões de toneladas de soja produzida no Brasil em 2022 foram exportadas para Espanha, Holanda, Alemanha, França e Reino Unido.
  • A Bunge exporta a maior parte de sua soja brasileira para a França (32%), Alemanha (22%) e Espanha (16%), enquanto a Cargill é a maior exportadora de soja para o Reino Unido (67%) e para a Espanha (25%). A Holanda recebeu a maior parte de sua soja da ADM (22%) em 2022.

Comentando sobre a análise, João Gonçalves, Diretor Sênior da Mighty Earth, afirmou:

“É chocante termos detectado 60.000 hectares de desmatamento nas cadeias de fornecimento de soja no Brasil. Nossa análise sugere que os grandes traders de soja ainda não têm controle total de suas operações, com alguns se recusando a reconhecer o risco e romper laços com os maus atores.”

“De particular preocupação é a expansão da soja no Cerrado, onde o desmatamento e a conversão estão fora de controle, levando o bioma mais ameaçado do Brasil ainda mais perto do colapso do ecossistema. É crucial que o Cerrado receba uma maior proteção legal na próxima revisão do EUDR.”

O que a Mighty Earth está solicitando:

  • Amaggi, ADM, ALZ Grãos, Bunge, Cargill, Cofco e LDC devem divulgar prontamente a origem de seus produtos de soja do Brasil em uma plataforma pública, incluindo listas de todos os seus fornecedores diretos e indiretos, com a proporção de soja proveniente de uma cadeia de abastecimento verificada como Livre de Desmatamento e Conversão (ZDC).
  • Submeter casos de desmatamento e conversão aos seus mecanismos públicos de reclamação e suspender compras de fornecedores diretos ou indiretos e fazendas envolvidas em desmatamento ou desmatamento de vegetação nativa.
  • Para que o escopo do Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) seja estendido para proteger cerca de um bilhão de hectares de “Outras Terras Arborizadas” (OWL) em todo o mundo.

Fim

Notas para o editor:

Como funciona a Rapid Response

Como funciona o programa de Rapid Response: O programa monitora o desmatamento recente nas cadeias de fornecimento de carne bovina e soja no Brasil com o objetivo de deter o desmatamento, a degradação e o corte de árvores em seus estágios iniciais. Com este sistema atualizado, a Mighty Earth estará monitorando dezenas de milhões de acres na fronteira agrícola em todo o Brasil. Quando o desmatamento é encontrado nas cadeias de fornecimento de grandes empresas de carne e soja, alertas serão registrados com elas, seus clientes do varejo e financiadores para pressioná-los a agir contra o desmatamento em suas cadeias de fornecimento, alertando as empresas e instando-as a interromper o comércio com frigoríficos e fazendas de soja ligadas a incêndios recentes ou desmatamentos que tenham sido visualmente confirmados. A Rapid Response visa evitar que centenas de hectares de desmatamento se tornem milhares.

O Relatório de Rapid Response da Mighty Earth (Carne Bovina) #1, de dezembro de 2023, está disponível aqui.

Metodologia

A análise para o relatório de soja da Rapid Response baseia-se em uma variedade de conjuntos de dados disponíveis publicamente para avaliar a exposição do setor de soja ao desmatamento e conversão recentes, e depois identifica estudos de caso que ilustram eventos de desmatamento ou conversão ligados a produtores e comerciantes de soja nos biomas da Amazônia e do Cerrado no Brasil. O ponto de partida da análise foi o sistema de monitoramento DETER do INPE, a Agência Espacial Brasileira de Pesquisas Espaciais, que detecta pontos críticos de desmatamento recente em tempo real.

 

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