Mighty Earth revela ligação de frigoríficos com meio milhão de hectares de desmatamento no Brasil

Investigação partiu da análise de produtos de carne bovina, produzidos pelas empresas JBS, Marfrig e Minerva, vendidos nos principais supermercados brasileiros, para chegar ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado.

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Link para o relatório aqui.

[8 de dezembro, Dubai, Emirados Árabes Unidos] Um novo estudo realizado pela organização Mighty Earth, por meio de seu programa de monitoramento de desmatamento Rapid Response, vinculou mais de meio milhão de hectares de desmatamento na Amazônia e no Cerrado com produtos de carne bovina produzidos pela JBS, Marfrig e Minerva e vendidos em supermercados brasileiros dos grupos Carrefour, Pão de Açúcar e Sendas (Assaí).

A Mighty Earth, em parceria com a AidEnvironment, utilizou alertas de desmatamento e imagens de satélite para identificar as áreas desmatadas. Esses dados foram combinados com dados coletados por meio do aplicativo de celular “Do Pasto ao Prato’ (DPaP)”. O aplicativo foi usado para rastrear produtos de carne bovina à venda nas prateleiras dos supermercados até frigoríficos de todo o Brasil.

O novo programa Rapid Response, da Mighty Earth, visa monitorar o desmatamento recente nas cadeias de fornecimento de gado e soja no Brasil e deter proativamente o desmatamento em seus estágios iniciais, alertando as empresas para cessarem o comércio com abatedouros e fazendas ligadas a incêndios recentes ou desmatamentos que tenham sido visualmente confirmados. O Rapid Response visa evitar mais destruição ambiental e evitar que centenas de hectares de desmatamento se tornem milhares.

Principais Resultados:

• O relatório identificou 108 hectares de desmatamento, entre 2009 e 2023, em fazendas que fornecem para 36 frigoríficos operados por JBS, Marfrig e Minerva em sete estados brasileiros. A área é mais de 156 vezes maior que o tamanho da COP28, que acontece em Dubai.
• A análise foi baseada em uma amostra de 009 produtos de carne bovina registrados através do aplicativo “Do Pasto ao Prato”, entre julho e setembro de 2023, em 71 lojas brasileiras pertencentes às redes Carrefour, Casino/Pão de Açúcar e Sendas/Assaí, localizadas em 27 cidades em todo o Brasil.
• Dos frigoríficos vinculados ao desmatamento, foram identificados 13 frigoríficos ligados a fazendas com os maiores níveis de desmatamento, dos quais 10 são de propriedade da JBS – a maior processadora de carne bovina do mundo.
• O relatório destaca cinco estudos de caso em “tempo real” de desmatamento recente, visualmente confirmado, na Amazônia e no Cerrado. Nessas cinco situações, foi detectado um desmatamento de 109 hectares entre maio e outubro de 2023 em fazendas que estão diretamente ou indiretamente ligadas comercialmente a frigoríficos que fornecem carne bovina para supermercados no Brasil, incluindo Carrefour, Casino (Pão de Açúcar) e Sendas (Assaí).
• A JBS não respondeu à Mighty Earth sobre sua ligação com os cinco estudos de caso em nosso relatório. As demais respostas das empresas à Mighty Earth estão aqui.
• Em um dos estudos de caso analisados, 489 hectares de floresta amazônica recentemente desmatada estavam em uma única fazenda de gado que tinha vínculos comerciais com a JBS.
• O relatório encontrou 940 hectares de vegetação nativa ainda presente nas cinco fazendas estudadas e que estão sob ameaça de serem convertidas em pastagem para criação de gado.

Glenn Hurowitz, CEO da Mighty Earth, disse:

“É chocante descobrir que varejistas como Carrefour, Casino e Sendas estão vendendo produtos de carne bovina em suas lojas no Brasil que estão ligados, por meio de seus fornecedores, a mais de meio milhão de hectares de desmatamento no Cerrado e na Amazônia. Na COP28, progressos estão sendo feitos para salvar as florestas tropicais e biomas do mundo, então precisamos que esses varejistas, especialmente o Carrefour, que está promovendo suas credenciais ambientais na cúpula climática, intensifiquem os esforços e eliminem urgentemente o desmatamento e a destruição da natureza de suas cadeias de fornecimento de carne”.

André Vasconcelos, Líder Global de Engajamento na Trase, disse:

“Pedimos ações imediatas para interromper o desmatamento em cadeias de fornecimento. Compromissos de zero desmatamento por parte dos produtores de carne são muito estreitos, pois geralmente cobrem apenas o fornecimento direto da Amazônia. Apesar desses compromissos, os dados mais recentes da Trase mostram um aumento de 60% em pastagens de gado em terras recentemente desmatadas e convertidas no Brasil”.

Erasmus zu Ermgassen, Co-fundador do ‘Do Pasto ao Prato’, incentivou os consumidores brasileiros a utilizarem o aplicativo:

“O aplicativo Do Pasto ao Prato capacita os cidadãos a se tornarem monitores ativos da carne e garantir que os produtos vendidos em suas comunidades sejam social e ambientalmente sustentáveis. Esses ‘cientistas cidadãos’ podem transformar nossos sistemas alimentares aumentando sua transparência por meio de ferramentas como o DPaP. Portanto, incentivamos os brasileiros a usarem o DPaP e ajudarem a melhorar a qualidade das cadeias de fornecimento de carne no Brasil”.

Contexto

O sistema de monitoramento de desmatamento Rapid Response foi lançado pela primeira vez no Brasil em 2019, quando a Mighty Earth buscou ampliar o sucesso de seu programa original de Resposta Rápida para óleo de palma, monitorando a expansão de plantações de soja e fazendas de gado na Amazônia e no Cerrado. De junho de 2019 a fevereiro de 2021, a Mighty Earth emitiu 21 relatórios, revelando dados obscuros que conectam produtores de carne e comerciantes de soja ao desmatamento e à limpeza de terras no Brasil, ameaçando comunidades indígenas e colocando em risco a vida selvagem.

Como funciona o Rapid Response

O “Rapid Response – Relatório Pecuária” é publicado pela Mighty Earth, em parceria com a AidEnvironment, a partir de dados coletados por meio da Iniciativa Do Pasto ao Prato e com pesquisas adicionais da Repórter Brasil. Com este sistema atualizado, a Mighty Earth estará monitorando dezenas de milhões de hectares da fronteira agrícola em todo o Brasil. Quando o desmatamento for encontrado nas cadeias de suprimentos das principais empresas de carne, alertas serão enviados a elas, seus clientes de varejo e financiadores para pressioná-las a agir sobre o desmatamento em suas cadeias de suprimentos.

João Gonçalves, Diretor Sênior da Mighty Earth para o Brasil, afirmou:

“Com nossos relatórios de monitoramento do Rapid Response 2.0, estamos demonstrando que rastreabilidade e monitoramento em tempo real são nossas defesas de linha de frente contra o desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Isso nos leva a questionar: se podemos fazer isso, por que a indústria da carne não pode? Esperamos que a JBS, Marfrig e Minerva, assim como seus clientes varejistas Carrefour, Casino e Sendas, recebam a mensagem de que ‘Estamos de olho neles!’ e que esperamos que ajam urgentemente com base nessas informações, bloqueando fornecedores que forem encontrados destruindo a natureza e ameaçando comunidades indígenas e a vida selvagem que precisa de árvores em pé para sobreviver. Estaremos emitindo alertas para produtores, varejistas e apoiadores financeiros, instando uma resposta rápida para evitar que centenas de hectares de desmatamento se tornem milhares.”

A nova série de relatórios Rapid Response 2.0 da Mighty Earth sobre pecuáira será publicada trimestralmente, com o próximo previsto para março de 2024. A primeira série do programa Rapid Response para soja também será lançada no início de 2024.

Fim

Para mais informações ou para agendar uma entrevista, entre em contato:

João Gonçalves, Diretor Sênior do Brasil na Mighty Earth, em Dubai

[email protected]

Carole Mitchell, Diretora Sênior de Comunicações

[email protected]

+44 7917 105000

Sydney Jones, Secretária de Imprensa, em Dubai

[email protected]

+1 561 809 5522

Darren McKenzie, Líder de Comunicações

Global Canopy

[email protected]

+44 7789 844900

Notas para o editor:

• Desenvolvido em 2017, o Rapid Response tem sido fundamental no monitoramento de casos de desmatamento associados às cadeias de suprimentos de commodities de grandes empresas agroindustriais globais. Com base nesses dados, a Mighty Earth campanhas para alertar e agir rapidamente para responsabilizar essas empresas e garantir que elas cumpram suas próprias políticas ambientais antes que mais danos sejam causados.
• O programa Rapid Response da Mighty Earth foi inicialmente implantado para garantir responsabilidade nas iniciativas de óleo de palma na Indonésia e na Malásia. O programa rastreou com sucesso o desmatamento e o desenvolvimento de turfeiras em mais de 3.000 concessões de óleo de palma, cobrindo uma área de expansão superior a 21 milhões de hectares – mais que o dobro do tamanho de Portugal. Essa pesquisacontribuiu para uma notável queda de 90% no desmatamento para óleo de palma, marcando uma vitória significativa contra as mudanças climáticas no Sudeste Asiático.
• Os relatórios do Rapid Response 2.0 serão lançados trimestralmente, sendo o próximo relatório programado para março de 2024.
• O Rapid Response 2.0 combina novos dados do aplicativo móvel ‘Do Pasto ao Prato’, que permite aos usuários escanear produtos de carne bovina em supermercados brasileiros e rastrear sua origem até frigoríficos específicos no Brasil.
• A AidEnvironment estabeleceu conexões entre os frigoríficos identificados e fornecedores diretos e indiretos por meio de dados de transporte animal e confirmou o desmatamento por meio dos dados de desmatamento INPE-PRODES e alertas oficiais de incêndio. A Repórter Brasil adicionou conteúdo aos estudos de caso.
• A Mighty Earth entrou em contato com os grupos de frigoríficos e varejo identificados como potencialmente conectados aos cinco estudos de caso no relatório, onde foram detectados incêndios florestais ou desmatamento em setembro e outubro de 2023. Carrefour e Sendas/Assaí responderam, garantindo-nos que haviam suspenso essas cinco fazendas de sua lista de fornecedores, enquanto Marfrig e Minerva não identificaram o desmatamento ou não conseguiram encontrar o fornecedor em seu banco de dados. JBS e Casino não responderam às nossas perguntas sobre esses casos. As respostas completas das empresas estão disponíveis aqui.

 A Mighty Earth está fazendo um apelo para:

• Varejistas divulgarem imediatamente em uma plataforma pública o volume e a origem de seus produtos de carne bovina no Brasil, incluindo detalhes dos frigoríficos, listas de fazendas diretas e indiretas, com a proporção de carne e produtos de carne bovina provenientes de uma cadeia de suprimentos verificada como Livre de Desmatamento e Conversão (LDC). Também instamos que enviem os casos de desmatamento para seus mecanismos públicos de reclamação e suspendam a compra de frigoríficos que obtenham carne diretamente ou indiretamente de fazendas envolvidas no desmatamento de vegetação nativa.
• Frigoríficos divulgarem imediatamente em uma plataforma pública o volume e a origem do gado (incluindo listas de fazendas diretas e indiretas com a proporção de gado proveniente de fazendas LDC) e submeterem os cinco casos de desmatamento a um mecanismo público de reclamação para monitorar o progresso, engajamento e suspensão de cada fazenda não conforme.

Sobre a Mighty Earth:

A Mighty Earth é uma organização global de defesa que trabalha para proteger um planeta vivo. Nosso objetivo é preservar metade da Terra para a Natureza e garantir um clima que permita a prosperidade da vida. Somos obcecados por impacto e aspiramos a ser a organização de defesa ambiental mais eficaz do mundo. Nossa equipe alcançou mudanças transformadoras persuadindo setores líderes a reduzir drasticamente o desmatamento e a poluição climática em suas cadeias de suprimentos globais de óleo de palma, borracha, cacau e ração animal, ao mesmo tempo em que melhora as condições de vida de comunidades indígenas e locais em todo os trópicos.

www.mightyearth.org